Quer defender, valorizar e promover os centenários caminhos que encerram em si um património histórico, etnográfico, cultural, arquitetónico e natural da Ilha da Madeira

O adro da Capela das Neves, local onde passa a antiga Estrada Real 23 que ligava o concelho do Funchal ao concelho de Santa Cruz foi simbolicamente escolhido para a apresentação da Associação do Caminho Real da Madeira (ACRM), formalmente criado no passado dia 17 de fevereiro.
A organização pretende “defender, valorizar e promover as rotas centenárias agregadoras do património histórico, etnográfico, cultural, arquitetónico e natural da Madeira, em contextos urbanos, rurais e florestais”, explica o presidente da direção da associação. A dinamização desta atração turística do arquipélago passara por “atividades de caráter cultural, pedagógico, científico, desportivo, recreativo, social ou outras afins”, acrescenta Miguel Silva Gouveia.
O responsável diz que a Associação é “um parceiro estratégico para o desenvolvimento de uma oferta complementar aos roteiros pedestres tradicionais, aliando à beleza natural da ilha, o contexto histórico e cultural da nossa vivência enquanto madeirenses”. E sublinha que os Caminhos Reais são “um valioso ativo turístico” da Madeira, já que a sua extensa rede viária pedonal “promove um universo de oportunidades para as microeconomias locais e um importante instrumento de combate à desertificação de algumas localidades, sobretudo as do norte da ilha”.
O plano de atividades apresentado pela ACRM para este ano inclui a criação de um sítio na internet (www.caminhoreal.pt) “onde seja possível agregar e disponibilizar a todos os interessados informações referentes aos Caminhos Reais”, e ainda o lançamento do ‘Passaporte do Caminho Real’, a organização de uma conferência subordinada ao tema, a criação de uma rede de parceiros à volta da ilha e a preparação da candidatura do Caminho Real 23 a Itinerário Cultural Europeu.

Seis esrtradas reais cortam a ilha
‘Caminho real’, ou ‘estrada real’, é a designação atribuída às principais vias terrestres construídas antes da implantação da República. Na Madeira, a maior parte surgiu por iniciativa dos governadores ou dos capitães-generais como complemento às ligações marítimas. “Estas ‘estradas reais’ fazem parte da nossa memória coletiva da Madeira e, acima de tudo, porque são exemplo da grande dificuldade que foi construir uma ilha do nada”, destaca Miguel Gouveia numa nota de imprensa onde recorda que várias localidades na Madeira cresceram e assumiram importância em torno das rotas de circulação terrestre que funcionavam como pontos de apoio aos viajantes, fossem eles locais, comerciantes ou estrangeiros, que começaram a percorrer a ilha particularmente a partir dos séculos XVIII/XIX.
As estradas ou caminhos reais foram criadas a partir da segunda metade do Séc. XIX, justamente como forma de melhorar a rede viária madeirense no transporte de pessoas e mercadorias. O primeiro troço foi construído em 1867, entre a Alfândega e a Pontinha, numa obra da Estrada Real 23 que dava a volta à ilha da Madeira pelo litoral. Foram seis as estradas reais então construídas:
– Estrada Real 23 (181 km): Funchal, Câmara de Lobos, Quinta Grande, Campanário, Ribeira Brava, Tábua, Ponta do Sol, Madalena do Mar, Arco da Calheta, Calheta, Estreito, Prazeres, Fajã da Ovelha, Ponta do Pargo, Achadas, Porto Moniz, Ribeira da Janela, Seixal, São Vicente, Ponta Delgada, Boa Ventura, Arco São Jorge, Santana, Faial, São Roque do Faial, Porto da Cruz, Machico, Santa Cruz, Porto Novo, Caniço, São Gonçalo, Funchal;
– Estrada Real 24 (35 km): Funchal, Monte, Poiso, Ribeiro Frio, Cruzinha e Santana;
– Estrada Real 25 (39 km): Funchal, São Martinho, Estreito de Câmara de Lobos, Jardim da Serra, Encumeada, Rosário e São Vicente;
– Estrada Real 26 (13 km): Ribeira Brava, Serra de Água, Encumeada, São Vicente;
– Estrada Real 27 (36 km): Funchal, Santo António, Curral das Freiras, Boaventura;
– Estrada Real 28 (25 km): Ponta do Sol, Cruzinhas, Encumeada, beira do Paul da Serra, Ruínas das Casas do Paul, Estanquinhos, Caramujo, Feiteiras (São Vicente).

Todos contribuíam
A manutenção desta rede de estradas obrigava a duros trabalhos, sobretudo após os meses de inverno, tendo em conta a orografia agreste da ilha. Por isso foi criado um imposto, designado por ‘roda de caminho’, que obrigava toda a população a contribuir com dias de trabalho. Os mais abastados, porém, podiam ‘fugir’ ao trabalho pesado revertendo-o em dinheiro.
Mas estes caminhos que tiveram grande importância começaram a perdê-la com a chegada dos automóveis e da moderna rede viária, ao longo do século XX. A maior parte caiu no abandono e na ruína. “Atualmente, dos 28 percursos pedonais recomendados pelas autoridades – 25 na Madeira e três no Porto Santo – apenas 12 são em veredas e antigas ‘estradas reais’, mas o interesse na recuperação da velha rede viária mobiliza, agora, o governo e as câmaras municipais”, destaca o responsável da ACRM, lembrando que estas ‘estradas reais’ “são do domínio público e de grande valor”.

16 Março, 2017

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